quarta-feira, maio 31, 2006

O LIVRO VERMELHO DA MACONHA E COMUNISMO

Há um certo momento da vida em que os vários conceitos que te acompanham se misturam. Tu é jovem e inexperiente, um amador, ousaria dizer. Tudo é novidade e tu tem a necessidade de fazer tudo muito rápido. Nem sempre pela maneira mais sensata ou fácil, costumeiramente pelo primeiro caminho com que tu te depara. Seja lá o que isso queira dizer. Custe o que custar.

Afinal, apenas com esse instinto impulsivo para vivenciar (e sobreviver) às barcas furadas que surgem na vida de cada um.

No meu caso, esse ímpeto juvenil se manifestou, dentre outros episódios, através de uma viagem de quase 80 horas (ida e volta) para Goiânia, num ônibus lotado de adolecentes comunistas gritando palavras de ordem do início ao fim, sem banho e a escassa presença de estudantes do sexo feminino, sendo que a melhorzinha das poucas tinha o suvaco mais cabeludo que o meu.

O ano era o de 1995, lá por novembro. Auge dos meus 16 anos. Eu e o Chuy fazíamos parte do Grêmio Estudantil do colégio. Todo aquele discernimento e maturidade política que alguém nessa idade pode ter. Hormônios à flor da pele e a preocupação de não desperdiçar sequer uma das raras oportunidades de fazer sexo.

Certa tarde um membro da UJS - União da Juventude Socialista aparece em nosso colégio, convocando para a Convenção Nacional da UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, em Goias. Com todos os trejeitos e verborragia típicos de um jovem socialista, o rapaz argumentou sobre a importância do envio de uma delegação de nosso colégio.

A negociação foi acirrada.

- O Sistema Capitalista está monopolizando os meios de produção do proletariado. O senhores feudais desse país querem impedir o acesso à educação à classe operária. É nosso dever lutar pela aniquilação do Estado de Direito vigente.

- Bah,legal véio.

- Seguiremos para Goias, lutaremos por um Brasil mais igual, haverá as festas de confraternização, o ônibus vai lotado de mina e vai ter guria do Brasil inteiro. Uma loucura.

- Quando vamos?


Após aprovação da viagem e liberação de verba pelos demais integrantes da agremiação, uma semana depois eu o Chuy nos encontrávamos na sede municipal do PC do B em Porto Alegre, esperando pelo meio de condução e pelos demais integrantes da barca anti-neoliberalismo.

Quase desistimos.

Até então aqueles sujeitos cabeludos, maconheiros e com a camisa do Che Guevara eram completamente estranhos à nossa rotina de colégio particular, onde o comum eram guriazinhas vestindo o moleton do Hard Rock Café comprado nas últimas férias em Orlando.

Acabamos seguindo viagem, mesmo assim.

Os primeiros quilômetros na Freeway já foram o suficiente para mostrar o que nos esperava. Discursos intelectuais decorados acirravam os ânimos de alguns companheiros. O banheiro inaugurado por algum marxista mais radical se encarregava de ocupar os olfatos dos incautos passageiros. E o ônibus que, em circunstâncias normais, não estaria em condições de realizar uma viagem curta, quanto mais uma até o centro do País, garantia a emoção aos amantes da adrenalina.

Nada disso foi problema. Eramos jovens, comunistas e, em favor de uma sociedade mais justa, não poderíamos colaborar com as grandes empresas do transporte. Era nosso dever apoiar o pequeno produtor. O ônibus de segunda mão fazia parte dos planos para um mundo mais justo. Além do mais, parte do valor pago pelo pacote POA-GOIÂNIA deveria financiar a maconha da diretoria gaúcha da UJS que (des)organizava a excursão.

Duarante a ida, pelo menos duas paradas por problemas mecânicos, na qual destaco uma empurrada no ônibus por mais de 1 km até o posto mais próximo. Várias poltronas marcadas pela ressaca de vinho barato após duas noites mal dormidas e muita maconha.

O arrependimento era grande, lamentávamos eu e o Chuy.

Mas daí chegamos na capital goiana e, a essa altura do campeonato, já estávamos adaptados à nova realidade e até já havíamos decorado alguns refrões dos hinos Abaixo Capitalismo.

Agora éramos comunistas desde sempre. Como não havíamos percebido antes?

- FMI sacana, devolva nossa grana - Gritávamos extasiados.

- Viva, viva, viva a juventude socialista - Sugeria um riponga mais exaltado, fazendo referência à uma letra do Raulzito.

No Congresso, de fato, jovens socialistas de todo Brasil varonil espalhavam-se por diversos alojamentos improvisados no campus da Universidade Federal da cidade. Goiânia conhecia o CAOS.

Durante o dia nos ocupávamos nas diversas oficinas, plenárias e debates discutindo, basicamente, a importância do modelo soviético para o futuro do Brasil. À noite, show de bandas locais e muita interação entre todos garantiam a diversão.

A maconha não tinha hora, era dia e noite. Em dado momento, foi confeccionado com uma página de jornal, a maior CATRONCA que já tive notícias. Tal feito, digno de nota no Guiness Book (se isso não fosse tão capitalista), foi resultado da INTERA das dezenas de lenistas, marxistas, stalinistas, e demais "istas" envolvidos no processo revolucionário em questão.

O maior cigarro de maconha do sul do mundo foi fumado em Gõiânia naquele dia, arrisco palpitar.

Um beque sem fronteiras. Sem distinção de raça, cor, crença. Fruto da união de todos pelo BEM COMUM. Nesse momento percebemos que um mundo igualitário e justo era um sonho possível. Os maconheiros socialistas se insurgiam contra o sistema opressor. Se a reforma agrária era uma utopia, a divisão herbária já estava em pleno andamento.

O comunismos é realmente comovedor.

Em relação aos demais objetivos da viagem, eu e Chuy até que nos demos bem. Não desperdiçamos a oportunidade de promover o embate filosófico com as militantes de plantão. O vigor de nossa parca idade clamava por uma manifestação ideológica mais intíma.

E para garantir o resultado favorável não ecomomizamos esforços. Sabíamos que precisavamos de um DIFERENCIAL para chamar a atenção das gurias que frequentavam o congreso, já que pelo discurso de esquerda seria complicado, uma vez que ainda éramos iniciantes no tema e não havíamos decorados palavras de ordem suficientes para convencer alguma petista a DAR pra gente.

Resolvemos pagar para usar o banheiro de um Hotel da região e garantimos o nosso PLUS frente aos demais congressistas TOMANDO BANHO!

A tática funcionou. Entre umas bitocas numa paraibana aqui e outro arreto numa goiâna ali, APROFUNDEI meu discurso revoluvionário com um guria mais velha, chamada de Quiñones pelos meus companheiros mais próximos.

A Quiñones era amiga da Valderrama, pela qual o Chuy voltou apaixonado. Ficou tudo em casa e na falta de um lugar apropiado (estávamos dormindo em salas de aula), fui parar nos escombros de uma construção mal concluída nos arredores do campus. Por duas noites seguidas (recorde). Finalmente me livrei daquelas Jontex que já estavam vencendo na minha carteira.

Viva Lenin.

No final das contas, votamos nas plenárias conforme orientação de nossos tutores da UJS, elegemos a nova diretoria e encaramos mais 40 horas de estrada de volta à capital gaúcha, mas agora com sentimento de dever cumprido.

Chegamos em Porto Alegre doutrinados e os efeitos dessa viagem pelo submundo pseudo-socialista ficaram impregnados no meu discurso até alguns poucos anos atrás. Pobre das orelhas que muito me ouviram.

Depois passou.

As pessoas que conheci na viagem também passaram a fazer parte de minha vida por um bom tempo. Inclusive foram peças importantes na arquitetura de um boicote às eleições do DCE da PUC em ´97 que culminou na queima das urnas em frente às lentes da RBS TV.

Mas esse acontecimento já é um outro amadorismo, digo, episódio. Qualquer dia eu conto.

segunda-feira, maio 29, 2006

AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE

Bezerra já dizia que Leonardo dá 20 e, na falta do que fazer, assisti o Código, mas dormi no meio.

Primeira vez que durmo numa sala de cinema.

Sobre o filme não tenho muito o que dizer. Deixo essa tarefa para esse Kleber aqui. Sua crítica é mais interessante que o filme.

quarta-feira, maio 24, 2006

VAI QUE DÁ

Darei uma jeito de escrever mais por aqui. Recebo milhares de cartas dos fãs do NA VALA clamando por atualizações. As pessoas me param na rua perguntando quando traçarei novas linhas nesse blogue.

Tranquilizem-se fiéis leitores. Eu voltarei.

Mas não agora. Vou ali tomar um nescau.

quinta-feira, maio 04, 2006

INTERESSANTE PONTO DE VISTA

MORALES SEM ÉTICA

Juremir Machado da Silva (no Correio do Povo)

De fato, cada país tem o imperialismo que merece. O da Bolívia é o brasileiro. Até aí tudo bem, mesmo que se trate de um império de segunda divisão. Mas não se pode admitir que um presidente cumpra o que prometeu na campanha eleitoral. É falta de ética e de ótica. E de coleguismo. Deixa a categoria em má situação. Não está previsto na cartilha eleitoral e pode trazer sérios prejuízos para uma nação. Basta perguntar a um marqueteiro que se respeite e se terá a resposta na hora: cumprir promessas feitas à ralé é ingenuidade. Mais do que isso, é irresponsabilidade. Embora não esteja escrito, faz parte dos costumes que, eleito, o candidato, por responsabilidade cívica, descumprirá todas as promessas feitas ao populacho em busca de votos. Políticos que cumprem as suas promessas dificilmente são reeleitos. Além de que revelam o quanto são populistas, demagógicos, irrealistas e reacionários.

A América Latina atravessa um mau momento. Vários presidentes dão péssimos exemplos. Néstor Kirchner enfrentou o FMI e até agora não se deu mal. Hugo Chávez insiste em dizer certas verdades e, ditador ou não, já se posiciona como o principal líder da região. Agora, vem esse Evo Morales e, com a maior desfaçatez, nacionaliza as riquezas energéticas do seu país, exatamente como havia prometido. Será que ele não vê o quanto isso poderá ser fatal para a Bolívia, com seus parcos 70% de habitantes em situação miserável? Será que não vê o quanto poderá ficar pior? Com a fuga do capital internacional, o que será dos outros 30% da população? Há sério risco de pobreza.

Pode-se aceitar que um presidente não saiba o que ocorre a sua volta, pode-se admitir que o seu partido chafurde na corrupção, pode-se até mesmo entender que ele compre o apoio de parlamentares para os seus projetos, mas não se pode, em hipótese alguma, aceitar que um presidente eleito cumpra as suas promessas de campanha. Se tem algo que afasta os investidores internacionais e debilita uma nação é o cumprimento de promessas populares de campanha. Lulla precisa explicar ao amigo Evo que isso é apenas uma forma de angariar votos, uma estratégia publicitária, uma maneira de falar. É só olhar os índices de Lulla nas pesquisas para se ter certeza de que não cumprir promessas é o melhor caminho para continuar no poder. Morales tem muito que aprender. Cumprir promessas pega mal.

FUTEBOL

Isso aqui é muito engraçado.

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