segunda-feira, maio 30, 2005

INTERNAMENTO

Acabo de passar por uma experiência deprimente. Fiquei internado por 4 longos dias, por conta de uma apendicite aguda.

Dizem que o apêndice parece um dedo de luva.

Salvo quando nasci, ainda não havia passado uma noite em um hospital. Ainda mais sendo eu o paciente. Não foram os dias mais excitantes de minha vida.

Parece que o apêndice tem uma cor amarelada bem escura.

Fui sedado durante a operação. Não vi nada. Mas o que fode mesmo é o depois. Muitas dores, cada movimento é milimétricamente responsável por uma sensação estranha dentro do corpo. Parece que os órgãos estão soltos lá dentro. Incrível.

O doutor falou que já encontrou muita coisa estranha dentro de apêndices. Até bombril. Acredito que não encontraram bombril dentro do meu apêdice.

Na verdade tudo o que falo não passa de passatempo de quem está sem nada para fazer nesses momentos pós extração. Então vou ali tomar um remédio e volto depois.

segunda-feira, maio 23, 2005

DETENTOS - INTRO

Todos fazem amigos na prisão. Não tem como, tu tá lá, recluso, acaba fazendo umas parcerias. Tem que matar o tempo senão ele te mata.

O nome do primeiro era Loco Yuri. Ninguém sabia o que se passava naquela cabeça. Imprevisível ao extremo. Por mais que apanhasse, mais transgredia. Parecia não se importar. Virou amigo. Participou de várias correrias. Falcatrua era com ele. Depois de um ano, conseguiu sair na condicional. Logo depois saí também. Cumpri a pena.

Começamos a praticar leves delitos.

Passou um tempo e encontramos Gordo Newton e Marcos Ceará, antigos colegas de detenção. Formamos uma quadrilha. Partimos para o assalto à banco. Muto arriscado. Depois de uns três ou quatro vigias mortos. Desistimos.

Também, o dinheiro nunca dava. Cada vez que nos juntávamos para dividir a grana, rolava tumulto generalizado. O Gordo Newton era paranóico, sempre achou que estavam passando ele para trás. Ceará ia nas pilhas e já saia atirando. Foi daí que fiquei com essa cicatriz no queixo.

Partimos pro sequestro. Foi bom no começo, mas depois encheu o saco, muito monótono, e o resgate era raro. Quase sempre nos obrigávamos a matar o encarcerado. Depois que enterramos vivo aquele advogado, largamos de mão. Muito órbido.

O jeito foi o narcotráfico. Nos tornamos traficantes de responsa. Se a atividade fosse lícita, com certeza seríamos os Empreendedores do Ano. Eu, com meus contatos no morro, arranjava os fornecedores mais baratos e, com frequencia, o bagulho de melhor qualidade. O Loco Yuri se encarregava da venda na Zona Leste e no Centro. Marcos Ceará se encarregava da Zona Sul e fazia a segurança. E o Gordo Nexton tinha fácil acesso entre a playboyzada. Ele era um playboy.

Tava tudo indo bem. Vária mulheres, vários carros, vários dólares e vários inimigos. No mercado das drogas, os mais falados, os mais fodas. Em menos de um ano a gente dominava o varejo.

Muitos começaram a crescer o olho pra nós.

Fora isso, a cocaína e o ácido deixaram o Gordo Newton cada vez mais neurótico. Depois de um tempo, ele começou a achar que eu tava coordenando uma quadrilha paralela e que eu tava robando a parte ele. Só a dele. Paranóia delirante.

O problema era comigo. Isso dividiu o grupo.

Sem contar que o Ceará tava em outra. Com grana fácil começou a gerenciar alguns puteiros no Guarujá e em Ipanema. Lá na Serraria era Rei.

Não precisava ser muito esperto para perceber que o fim tava próximo.

Foi então que um telefonema me levou à um churrasco na casa da mulher do Gordo Newton. A intenção era dividir a grana que ainda restava e depois disso cada um por si. Já era.

Só eu acreditei.

Chegando lá, depois de algumas horas, a polícia invadiu a casa cheios de ódio e malícia. Mataram quase todo mundo. Fui alvejado pelas costas com uma salva de AK. Loco Yuri veio na minha cobertura e me ajudou a fugir. Quase morri.

Cagoetaram nosos antecedentes. O dinheiro sumiu.

Nos disperçamos. Gordo Newton se refugiou em algum lugar da Zona Norte. Sumiu. Eu larguei essa vida do crime. A polícia tava no meu encalço fazia tempo, desde que matamos um delegado na Igrejinha. Fugi do Estado. Loco Yuri fez o mesmo e partiu para Europa. Tráfico internacional era o canal, dizia dele. Ceará continuou tocando o horror na cidade. Pesadelo do sistema não tinha medo da morte.

O tempo passou. Já se vão longos sete anos. A hora de acertar as contas.Eu tô voltando para a cidade. Fiquei sabendo que o Loco Yuri também. O Ceará continua vivo e mais psicopata do que nunca. Gordo Newton tá sumido desde então, mas já fiquei sabendo que vem agindo na maciota, como um rato na calada da noite.

Cada um com seu destino, mas todos com um só pensamento: Quem traiu quem? Quem ficou com o dinheiro? Quem vai pagar por isso.

Desde aquele dia nossas vidas nunca mais foram as mesmas. E ainda tem muita coisa pela frente. A fúria ressuscita outra vez.

(...)continua (...)

NEM PARECE FUTEBOL

Uma das maravilhas de se morar aqui em São Paulo do Sul, é poder assistir à um jogo de futebol no confortável shopping, digo, estádio do Atlético Paranaense.

Além da comodidade de sentar numa cadeira de verdade e não no concreto duro e frio dos demais estádios do país, tu ainda fica muito, mas muito perto do campo. Mais perto que isso, só as Coréias do GIGANTE da Beira-Rio, mas lá tu fica de pé e corre sérios riscos de tomar uma copada de mijo nas paletas vindas da social.

Falando em escatologia, os amantes de futebol do resto do Brasil podem não acreditar mas, no banheiro, ninguém mija na pia ou na parede. Incrível, né? Por frações de segundos tu chega a pensar que está na Europa. Alguns curitibanos têm certeza de que estão.

Se tu estiver passando por aqui, venha conferir.

Eu fui e além de tudo vi a GLÓRIA DO DESPORTO NACIONAL meter três no Fucacones, que últimamente não passa de uma leve brisa.

Rumo ao PENTA!

segunda-feira, maio 16, 2005

MAS BAH

Sempre achei de péssimo gosto o persistente bairrismo que Paulistas e Cariocas exercem em todos os meios de comunicação. Seja em comentários de futebol, política, tudo sempre foi tendencioso em favor daquelas bandas.

Aposto que tu, que não habita o eixo em questão, coaduna desse mesmo sentimento.

Ocorre que ultimamente venho reparando que meus conterrâneos gaudérios estão começando a se deixar levar por essas emoções ridiculamente ufanistas. São emails, colunas de jornais, declarações de personalidades e, principalmente, conversas de amigos, tudo pregando a maravilha que é viver no Rio Grande e como o gaúcho é um ser incrívelmente superior.

Tudo seria normalmente aceitável como forma de brincadeira e provocação aos demais Estados do Brasil, caso os GURIS e as GURIAS realmente não acreditassem CEGAMENTE nisso.

Nem vou me aprofundar muito nesse tema. Mas fica aqui o regstro de denúncia contra essa frente de ufanismo trazida pelo Minuano.

Percebam que por trás de toda essa EXAGERADA auto-afirmação, o que realmente apareceé a ARROGÂNCIA que, convenhamos, é uma merda.

E, por fim, quem é bom mesmo não precisa ficar fazendo esse marketing de araque. Até por que, quem assiste esse tipo de comportamento de fora, apenas arranja mais um motivo para fazer piada de gaúchos.

Pode ter certeza.

Parece que temos complexo de inferioridade e precisamos aparecer e mostrar como somos bons.

Deprimente, TCHÊ.

quarta-feira, maio 11, 2005

CLIMA

Lá em Parmolina tem um pé de macieira.
Dizem que dá bons frutos.
Eu, definitivamente, não sei.
Para lá eu nunca fui.

Ouvi que faz muito calor por lá.

Maçã no calor é bom.
Mas só isso não basta.
Aqui também faz calor e aqui também tem maçã.

Se eu ficar com muita vontade de comer maçã,
E se por aqui estiver fazendo muito frio.
Então me convide para ir até lá.

Comeremos boas maçãs.

Lá em Quarapatuba tem um pé de laranja.
Dizem que dá bons frutos.
Eu, definitivamente, não sei.
Para lá eu nunca fui.

Laranja no calor é muito bom.
Só que lá faz muito frio.
Não me convide.
Não irei.

Não comeremos laranjas.

EMPREENDEDORISMO

Ei, ei. É, tu mesmo. É contigo que eu tô falando.

- Está com um capital parado, sem saber onde aplicar?
Esqueça qualquer fundo de investimento do seu banco.

- Está querendo ficar rico rápido?
Esqueça a mega-sena.

- Aplicar na poupança?
Tá ficando louco, né?

A barbada do momento é essa aqui em baixo:

SÓCIO (A)
Procura-se com local, para Fundação de Igreja Evangélica.
(41) 8421-XXXX

Fonte: Primeira página dos Classificados da Gazeta do Povo de ontem (terça-feira, 10 de maio de 2005)

Uma coisa eu te garanto: A clientela é FIEL.

terça-feira, maio 10, 2005

CREIO EM DEUS PAI

Com o nível de credibilidade existente em todos os meios de obtenção de informação, não há como confiar plenamente em nada que sê lê, ouve ou, até mesmo, vê. Chego à evidente conclusão de que a paranóia comanda o mundo e nada se pode fazer.

Mas não acredite muito nisso.

sexta-feira, maio 06, 2005

MEU PÉ NÃO É TORTO

Não aderi à essa onda de oitentismo que se propaga por aí.

De qualquer modo, passei o dia com o KICHUTE na cabeça. Tive muito KICHUTE na minha vida. Até uns 8 anos, praticamente só usei KICHUTE. Intercalado, eventualmente, por um Bamba.

Do Bamba eu não gostava, mas o KICHUTE comandava.

Foi então que eu me mudei para uma rua onde só tinha criança que usava Marathon. Acabaram botando na minha cabeça que o KICHUTE era coisa de maloqueiro. Eu usava KICHUTE, logo eu era um maloqueiro.

Traumatizei.

Fiquei com vergonha do KICHUTE. Abandonei o KICHUTE. Reneguei o KICHUTE.

Que coisa feia.

A partir de então, criei um bloqueio sobre tudo o que o KICHUTE representava:

A velha lenda de que o KICHUTE deixava o pé torto. A doce ilusão de que, com o KICHUTE, o chute na bola sairia mais forte. A insistente mania de amarrar o cadarço do KICHUTE no tornozelo. As marcas pretas deixadas pelo KICHUTE no muro do prédio que denunciavam quem tinha pulado pra casa do vizinho depois de um vidro quebrado:

- Só pode ter sido aquele alemãozinho magrelo que usa KICHUTE. Ponderou o zelador, em certa ocasião.

Tudo isso havia sido esquecido. Apaguei da memória tudo que vivi com um KICHUTE nos pés.

Mas hoje eu lembrei do KICHUTE.

E é por isso que escrevo. O KICHUTE passou pelos meus pensamentos e resolvi escrever. Deu saudade. Aquele deformado pedaço de pano e borracha preta chamado KICHUTE.

Coisa de maloqueiro.

quarta-feira, maio 04, 2005

RESOLUÇÕES DE MAIO

Sempre tive plena noção de que o uso que faço da CAIXA-ALTA é uma descarada USURPAÇÃO de estilo desse cara aqui, mas, acredite, o negócio é viciante. Cheguei a um ponto em que a inspiração só aparece quando apelo para esse RECURSO.

Um DRAMA.

Resolvi que está na hora de largar esse ÓPIO. Na verdade, MODERAR.

De qualquer modo, esse texto marca o FIM dos EXCESSOS. Ou não, mas muito provávelmente, SIM.

Ao menos até resolução EM CONTRÁRIO.

segunda-feira, maio 02, 2005

PEITOS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTÍSSIMAS

Por que uma mulher policial, num país com regras militares tão rígidas como Israel, usa um uniforme sem abotoar os últimos 5 botões da camisa enquanto tenta salvar o mundo? Será o sol escaldante da Faixa de Gaza? Ou será mais uma produção Róliudiana com o Van Dame?

Essa Tela Quente e seus enlatados. Sempre eles.

Notas Saudosistas: Aliás, desde o ÚLTIMO DRAGÃO BRANCO que eu não vejo um filme que preste do João Cláudio. Na verdade nem esse prestava, mas quando eu era moleque, na época pré-TV a cabo, era bom.

Notas Machistas: Fiquei aqui na internet e nem acompanhei o DESENROLAR da trama. Mas pelo que eu vi do finalzito, o JC PEGOU a policial gostosa. Se deu bem heim? A julgar pelo decote, aquele corpinho até dava prum caldo.

Notas Capitalistas: Será que produções com o decadente ator belga ainda geram divisas para a indústria cinematográfica? Acho que não muito pois as películas mais recentes do dito cujo têm um aspecto de Filme "B" muito forte. Ou será que é por isso que ainda rendem alguma coisa? Menos despesas com produção, maior resultado. Pode ser.

Notas Conclusivas: Concluir o que? Não tem nada para concluir. É só um filme, pô. Ficção, entretenimento, entende? Vou dormir.

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