quinta-feira, julho 28, 2005

BERLIM 2010

Acontece que eu tava pensando em futebol e por razões desconhecidas meu cérebro se voltou para algum lugar do passado em que eu ainda estava na faculdade. Daí me dei conta que, na verdade, não era em futebol que eu pensava, mas sim em sinuca. Me veio a questão: Sinuca é esporte?

No momento em que me deparei com essa questão, verifiquei que eu tava numa INÉRCIA muito grande. Qualquer pessoa que perde tempo tentando descobrir se sinuca é esporte não tem mais NADA para pensar.

Desisti de chegar a uma resposta e, de quebra, me dei um desconto, afinal, era um domingo de chuva. Domingo é um dia foda. Nunca gostei. Mesmo assim, precisava escrever algo por aqui, como não tinha NADA para ESCREVER, resovi ESCREVER sobre o NADA.

E sabe que é mais fácil escrever sobre NADA do que sobre qualquer outro tipo de assunto. Não ter assunto, acaba sendo o melhor assunto. Pelo menos para se escrever. Perceba, já tô no quarto parágrafo e não precisei manifestar opinião sobre...NADA.

E olha que a minha intenção era falar alguma coisa sobre futebol ou mesmo sobre os tempos da faculdade. Quem sabe até sobre sinuca. Falando nisso será que sinuca é esporte?

terça-feira, julho 05, 2005

FEIO

Ele esperava por Jesus, mas o crime chegou antes. Agora ele tá seguro. Alguém pensou nele. São vinte e quatro horas de tensão e o que não falta é disposição. É assim que é. Roubaram a sua alma, mas restou a crença. Aqui do asfalto é até fácil de analisar.

Poder, grana, fama. Homicidio, seuqestro, assalto. Não importa. Arrebenta o primeiro que cruzar o seu caminho. O tempo é pequeno, então aproveita. Agora todo mundo te enxerga. Mais um maluco armado. Dá no mesmo. Jesus não veio, mas alguém estava olhando por ti.

Esse é o lado podre da sociedade. Suicídio. Saldo positivo. Menos um. Sedução desde muito cedo. Todo mundo sabe que não dá futuro, mas o que tu iria preferir? Viver pouco como um rei ou pouco com zé. Já falaram isso, eu sei. Mas é a lógica. Talvez eu também pensasse assim.

É COMPROMISSO

Vai batalhar, tentar a tua sorte. Vai fazer a tua vida, com humildade, sem pilantragem. Será que tem como? Seja uma resposta àquele que diz que não tem como. Mas a maioria não se envolve, ninguém segue aquela idéia fixa.

É o pssado invadindo o futuro, ou o futuro fazendo parte do passado? Álibe, habilidade. Mestre. Forteleça o seu verbo mas não fique só no discurso. Sobrviva e crie uma alternativa. Várias mães chorando e ninguém progridindo. Não há cpntestação. É sempre tudo igual. Cai na pista que aqui ninguém precisa da tua lamentação. Esse até que é um bom lugar.

Todo mundo carente de cultura. Cada pessoa tem a sua história. Vai na fé então. Chega devagar e trabalhe duro. Por que não? Há muito tempo eu venho buscando isso, foram várias vezes. O que é aquilo? um monte de vítima com um fuzil na mão? Guerra civil? Que papinho mais clichê.

Els vieram para sabotar o teu raciocínio. Sempre alguém vai criticar. Pega um ônibus de lá para cá. Alguns pedindo no farol, outros com uma arma na mão. Observe. Não sou eu quem diz. Pedra no cachimbo e pó no nariz. Adrenalina para te abordar na esquina. É o tráfico. Cheguo a cocaína.

Os malucos ficam mais loucos. Aí não tem jeito. Bobeou levou o sacode. Isso é um labirinto sem rumo e sem volta. E o ministro estava na TV pregando a FORAMAçÂO para toda a NAÇÂO.

Satanás. Aos dezessete era marionete. Roubava roupa de varal. Causou revolta, vacilando por onde passou. Pessoas que desandaram, cheirando esse pó sujo. Devendo e não pagando, se defendendo na navalha, recebendo a alcunha de CANALHA. É uma selva de pedra. Sempre a pedra. Vira tudo fumaça.

Eu insisto, persisto. Tumulto. Comunidade se matando na crocodilagem. Mundo cão. Decepção. Tanta promessa, e o que eu vejo é só veneno e ilusão. As vezes sobram sobreviventes, mas esses só servem para relatar os detalhes para os jornalistas de plantão.

Quem quer alcança? Que Rambo que nada, programado para matar, programado para morrer. Essa é a rotina. O disco não muda. E nada mudou até agora. Alguns dizem que só sei reclamar. Que eu não pertenço a tudo isso. Que eu não tenho nada a ver com o que se passa. Mas é isso mesmo. É tudo da boca para fora, como tu mesmo fala. Mas tem que ser assim?

Será que tem opção? Eu ligo o rádio e não dá para esquecer a realidade. Como que tu quer ver crescer os teus filhos? No meio de tudo isso? Crianças pobres, com um cano na mão. Te esperando na esquina, uma hora tu vai passar por ali. O pivete na fissura, duas noites sem dormir. Cheirou a noite inteira ele só pode estar a fim. Tu é a vítima. Tua filha é a próxima. Não dá mais tempo para nada. Toda favela tem dessas coisas. Não tem socorro.

É A CHOQUE

Ele fazia o som. Humilde e malandro. Se deu mal na finaleira. Um cara de moto passou e POW POW POW. Tava chovendo. Ninguém sabe de nada. Sabotaram o Negão. O bairro ficou tumultuado. Que miséria. Virou manchete no jornal das sete. Ele falava que não era o que queria, mas persistia. Ele era o terror. Não deixava falha. Alegou, em certa altura, que era em memória daqueles que já foram.

- Não posso deixar pela metade.

Um compromisso.

Ele tinha esperança. Era ligeiro, não tinha medo do inferno. Ele conhecia aquilo muito bem. Era a alternativa, isso ou se humilhar com o zé povinho. A semana passava e tudo recomeçava. O Cartel de Medelin ali na esquina. O Ponto que mais fatura.

Tava chovendo naquele dia e ninguém viu nada. Agora ele também faz parte do passado, é um daqueles que já se foram.

HUMANIDADE

Vai vendo. Responsabilidade. É óbvio. Todos os lugares têm os seus problemas. Quem procura acha. Já nem sei mais. Nem procuro mais a paz. Será que é mentira? Mas a verdade na frente do nariz. Uma nova era. Atitude é o mínimo. A tradicional igorância. Uma sirene ao fundo. Desespero e a rapaziada sem saber o que fazer. Uma hora a casa cai, como caiu Babel.

Todos os lugares têm seus problemas. Eu já nem sei onde estou. Olho no olho, já não consigo acompanhar o tempo. A auto-estima é o caminho. Mas não sei por quanto tempo. Ficar mentindo para si mesmo faz a terra tremer. Esse é um tema propício. Fim do mundo. Como vai ser? Já não há mais nem motivo para sonhar? Essa eterna luta entre o mal e o bem.

O mundo que Deus criou já não tem mais nada a ver com o que sobrou. Serão as forças cósmicas? A mãe-de-santo? O Papa? Caos urbano. Razões não faltam. O mundo é uma favela.

MURALHA

Tiros de morteiro. Mas por que? hoje não é dia de jogo, então para que comemorar? Não tem como se proteger. Cada um é cada um. Dormir sossegado, nem pensar. Todo mundo louco, na fissura. Tudo esquema. A sociedade diz que todo mundo é bandido. Ninguém sabe, ninguém viu, chegaram atirando e um corpo caiu.

Foi assim que a juventude se perdeu.

Aquela época foi barra pesada. Só RATATÁ TUM. A faixa etária era baixa. Minas, drogas, rixas na escola. Tudo era motivo pra puxar o gatilho. E não foi só o tráfico, roubo ou o homicídio. Tudo somado resultou nesse abismo de miséria.

Foi assim que muita gente morreu.

Tem uns que estão na cadeia, sobrevivendo numa redoma de concreto. Sem conexão com o mundo aqui de fora. Fazendo tudo o que o diabo quer. Aí cada um é apenas mais um. Isso não é uma história da carrochinha. Ninguem sabe ninguem viu, chegaram atirando e um corpo caiu.

Antes ele do que eu.

MALLANDROVISK

No palco da vida, ação e decepção. Escadas para subir, descer, cair e se quebrar. Insistir é lamentável. Já era. Morreu mais um otário, tudo isso não procede. Tem que saber o que falar, se engasgou, vai vacilar.

Fama e dinheiro é ilusão. Tudo fedelho se fazendo na frente do espelho. Esnobando todo mundo, negando a rapaziada aqui de baixo. Esculacho. Malandro ele, não é?

Fica esperto então, guri. Essas coisas mexem com a cabeça das pessoas. Não deixe mexer com a sua.

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