segunda-feira, janeiro 31, 2005

DECLARE GUERRA A QUEM FINGE TE AMAR

Com toda a REPERCUSSÃO sobre o FSM, lembrei de minha primeira (de muitas) experiência no UNIVERSO PARALELO da bicho-grilagem.
Foi em 1995, morava em Porto Alegre e fazia parte do Grêmio Estudantil do colégio. Na época, confesso, não sabia muito bem a diferença entre SOCIALISMO e FACISMO, ou qualquer outro ISMO.
Foi então que, numa tarde ensolarada de primavera, chegaram uns cabeludos se identificando como integrantes da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Falaram de um congresso em Goiânia e de como era importante a nossa participação. Todo aquele discurso de engajamento, entende?
No alto de minha sabedoria adolescente e do elevado teor de testosterona da idade, logo pensei:
- "Essa é uma boa oportunidade para TIRAR O ATRASO".
Verba disponível no caixa do grêmio, parti para essa missão junto com o Chuy. O ponto de encontro foi em frente à sede do PC do B. Chegando lá, vários outros cabeludos gritando palavras de ordem e QUEIMANDO um cigarro fedorendo. Um frio no estômago. Não dava mais parta desistir.
34 horas de estrada depois, chegamos em Goiânia, onde um pessoal do Brasil inteiro nos esperava. Por uma semana essa foi a nossa realidade. Durante o dia, várias oficinas de discussão. Durante a noite, festinhas no Centro Acadêmico da Universidade Federal.
Aos poucos os discursos e palavras de ordem começaram a se infiltrar pelos meus neurônios até o momento em que eu já me sentia o SEGUIDOR MAIS FIEL DE CHE. A essa altura, toda forma de cerceamento à liberdade era CONDENÁVEL, todas as minorias eram VÍTIMAS e todos os CAPITALISTAS eram PORCOS. Estava feita a lavagem cerebral que, em menor grau, perdura ATÉ HOJE.
Fizemos vários amigos e contatos. Inclusive, tais conexões foram importantes para QUEIMAR A URNA e anular uma eleição do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da PUCRS, anos mais tarde. Tudo isso em frente às câmeras da RBS. Mas essa é outra história, para outra hora.
O clima de BICHOGRILAGEM era total. Muita confraternização, MUITO ESCAMBO. Várias violas. Várias canções. Aquela música do Geraldo & Vandré era o TOP HIT das paradas: Vem vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Aliás, em dado momento, eu e centenas de pessoas demos as mãos e ABRAÇAMOS o prédio do INCRA da cidade, entoando essa música. Logo após o refrão, INVADIMOS o prédio para uma breve sessão de VANDALISMO E DESTRUIÇÃO.
Um mundo melhor e mais justo REALMENTE ERA POSSÍVEL. (Percebeu a ironia?)
Quantos às festas, foram legais mesmo. Saldo positivo. Dentre outras de mesma estirpe, eu e o Chuy voltamos para casa com a escalação da SELEÇÃO COLOMBIANA completa. Eu PEGUEI a Quiñones e ele a Valderrama.
Mas a minha nem era tão Quiñones assim.

Comments:
Digno de elogios o comentário do César. Me fez lembrar de um tempo distante(1995), mágigo e farto de sonhos e ideais. Creio que aquele Congresso da UBES foi um dos marcos da minha vida (e também a do César). Momento em que amadurecemos nossos pensamentos e ideologias. Com certeza o mundo hoje já é bem diferente. Muitos de nossos sonhos foram "arrancados", mas o que vale é o que pensamos e sonhamos. Por fim, informo que na escalação da seleção colombiana, o César levou vantagem e se atracou na Quinones, que mais parecia o Quinones.
Saudações a quem tem coragem.
 
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