terça-feira, fevereiro 01, 2005

EGOTRIPS - TIME DO TONI

A História, abaixo, foi publicada em meados de 2003 no FINADO demooonio.com. Se fosse hoje escreveria de uma forma diferente, mas vai da forma original mesmo:

E foi então que uma onda nostálgica me abateu, remetendo os pensamentos para UM DOMINGO QUALQUER de 2001, época em que concentrávamos esforços para a criação de um Zine chamado 16 TONELADOS que nunca saiu do papel.


Naquele FATÍDICO fim de tarde, voltávamos de um ATAQUE COORDENADO ao front Cajatiense (interior de SP) eu, DJ Paulete da Luz (ZPS), seu irmão Diogo da Luz, Brotto - e o japa mineiro, Douglas Shangai.

Estávamos à bordo do GRANDE TONI, uma Escorteira 84 de propriedade dos irmãos DA LUZ, que apesar da avançada idade, nunca havia nos deixado na mão. Toni já dava sinais de cansaço há algum tempo, porém, como bom combatente que era, NÃO NEGAVA MISSÃO. E essa parecia simples, conduzir 05 cabeças da fronteira paulista até nossos lares na fria Curitiba.

Logo na saída seu motor insistia em não funcionar, porém, a IMATURIDADE de nossa juventude não deixou com que nos abatessemos e, depois de muitas empurradas ladeira abaixo, fizemos Toni dar sinal de vida rumo à temida rodovia que nos ligava à nosso destino. A Alegria foi geral...mas não imaginávamos o que estaria por vir...

Quilômetros mais tarde, já envolvido pelo BREU da noite na RÉGIS BITTENCOURT, o farol do escort, começou gradativamente a diminuir sua capacidade iluminativa até certo ponto em que não havia mais condições visuais. Paulete, que estava na condução, prevendo o pior, sugere um PIT STOP em alguma auto-elétrica. Todos concordamos. Mas já era tarde, como se não bastasse a AGONIA da escuridão, o CORAÇÃO de TONi para e com isso a sua velocidade, involuntáriamente, vai diminuindo.

110km/h, 85km/h, 70km/h, 50km/h, 30km/h, 5km/h, 0....

Douglas, engenheiro que era, após uma breve vistoria no motor, decreta seu LAUDO TÉCNICO-PERICIAL:

- FODEU.

No meio da BR, por entre ônibus e caminhões, começamos a empurrar o DE CUJUS, pelo estreito acostamento, à procura de um posto, ou qualquer coisa que o valha. Os ânimos do pessoal, acirrados, alternavam momentos de discussão com palavras de motivação. A cada metro percorrido a escorteira ficava mais pesada e o DESLOCAMENTO DE AR produzido pelas carretas que passavam centímetros ao nosso lado, quase nos lançava ao brejo que cercava a rodovia.

CLIMA TENSO.

Num dado momento, encontramos uma CLAREIRA e resolvemos que aquele seria o local ideal para a DESOVA do Toni. Não dava mais para empurrar. Fomos vencidos. Decidimos por abandonar nossa FIEL PARCERIA, presente em tantas falcatruas e que nunca havia deixado um companheiro para trás. Não, Toni não merecia esse FIM COVARDE.

Após longa DELIBERAÇÃO, eu e Brotto fomos destacados para avançar A PÉ, num autêntico RECONHECIMENTO DE EIXO atrás de ajuda. E foi o que fizemos. Para nosso sorte, alguns quilômetros adiante encontramos um ESSO salvador e nele uma dupla de caminhoneiros que se prontificou a ajudar no RESGATE DA ESCORTEIRA TONI. Entretanto, o local da desova não era de fácil acesso, não havendo como chegar lá com o caminhão. Ficou combinado que empurraríamos novamente o COMBALIDO COMPANHEIRO ao posto onde já estaria uma equipe de prontidão para os procedimentos de primeiros socorros.

Voltamos e empurramos o escort até o posto. À essa altura dos acontecimentos, já passavamos da Zero Hora de segunda-feira e a viagem que, em princípio duraria apenas 2 horas, já entrava na SEXTA.

No posto, iniciamos a CHUPETA do caminhão para o TonI e, MILAGRE, o seu pulso reage. As ROTAÇÕES POR MINUTO já começam a ser ouvidas por todos que por ali transitavam. Injeção de ânimo na rapaziada. Emoção semelhante só fui sentir novamente quando o FENÔMENO invadiu a área alemã para fazer o seu segundo gol na partida que trouxe o quinto caneco para o Brasil. E, DE FATO, comemoramos como se fosse um gol em final de campeonato!

A dupla CARGA PESADA foi camarada ao extremo, ficamos comovidos com a presteza! NOTA 10 PROS 2!

Voltamos para BR ESMIRILHANDO a escorteira, Shangai, que havia assumido a boléia, recitava até versos de sua língua-mãe, Diogo declamava todos os HITS do MC Serginho e da Tati Quebra-Barraco e Paulete de tão emocionado começou a FLATULAR, o que fez a galera voltar à realidade!

Quando pensávamos que nada mais poderia nos abalar e que o Velho Toni completaria sua última missão com o êxito reservado apenas aos PREDESTINADOS, seu motor começa a dar sinal de fraqueza novamente e resolve parar justo sobre uma ponte. Se antes ônibus e caminhões já demonstravam ser terríveis inimigos, agora, acima daquele pequeno bloco de concreto sobre um riacho eles se mostravam MAIS HOSTIS DO QUE NUNCA, com direito a buzinaços e luz alta.

Mas NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA, já dizia o gaudério. Dessa vez paramos bastante próximo de um buteco que, por sorte era do cunhado do JOÃO DA AUTO-ELÉTRICA, que não se fez de rogado e foi ao nosso encontro. Dessa vez fez o serviço completo e até descobriu qual o mal que atingia o MORIBUNDO escort:

- Pois olha, moçada, o problema tá no ALTERNADOR da bateria, vai custar 40 real. É a única chance de vocês conseguirem chegar até Curitiba. Depois disso, se fosse eu, nunca mais colocava essa LATA numa BR.

A mulher gorda do Eletricista que o acompanhava limitava-se a concordar com um gesto de cabeça.

Pagamos e depois disso chegamos SÃO e SALVOS na capital ecológica. Na sequência TONI recebeu o merecido descanso e hoje goza de sua aposentadoria na casa do pai de Paulete e Diogo (em Cajati), limitando-se à eventuais idas ao centro da cidade.

Um Celta vermelho substituiu o GUERREIRO na dura batalha da vida, mas nunca mais com o mesmo romantismo daqueles áureos tempos e esse episódio é apenas mais uma das variadas HISTÓRIAS que volta-e-meia nos pegamos contando para um ou outro INCRÉDULO que se presta a dar atenção.

Comments:
A ponte era aquela? Que caiu?
 
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