quarta-feira, abril 06, 2005

O GRANDE ARQUIMANDRITA

Esse sujeito aí do título é um dos personagens principais de Pilatos, um livro do Cony que narra a DESGRAÇADA vida de um homem e seu pênis AMPUTADO, companheiros (quase)inseparáveis.

A história se passa durante a ditadura militar e, em certo ponto, o pseudo-eunuco vai preso e passa a conviver por um longo tempo com outros desgraçados. Dentre eles, o GRANDE ARQUIMANDRITA, que entre uma e outra CAGADA em uma LATA DE MARGARINA, ocupava o OCIOSO tempo da prisão proferindo longos e demagogos discursos e discutindo com Dos Passos, outro personagem, sobre as suas posições ideológicas e políticas. Tais discussões duravam horas, as vezes dias. Nunca se chegava a lugar algum.

Mesmo que se chegasse a um consenso sobre política externa, comunismo, anarquismo, divisão de poderes ou qualquer outro tema em pauta, qualquer conclusão REDUNDARIA em um NADA. Afinal todos estavam presos. Não sabiam onde e nem porquê. Ninguém os ouviria.

Desde que li este livro, SEMPRE que me vejo em uma situação de confronto de idéias políticas, ideológicas ou religiosas, INVOLUNTARIAMENTE imagino a figura do GRANDE ARQUIMANDRITA.

Não tem jeito, basta se iniciar o debate que ELE surge em minha mente. Só ELE.

Argumentos, contra-argumentos, teses, teorias, posicionamento, tudo fica em segundo plano, é o GRANDE AQUIMANDRITA que está lá, COMANDANDO a discussão. Aliás, é ELE que responde por mim (e pelo outro também). Tanto é verdade que, muitas vezes, me impressiono com as posições que adoto.

Eu não quero, quando vejo que a conversa vai descambar para esse lado, tento sair pela tangente antes que seja tarde. Geralmente é. Sempre é. Ao menor sinal de ELOQUÊNCIA, o GRANDE ARQUIMANDRITA aparece. Aí, meu amigo, te prepara.

E foi o que aconteceu ontem.

Eram nove e meia da noite, entrei na internet só para postar um texto. Diogo, o mineiro, ex-habitante de Curitiba, radicado no Rio de Janeiro aparece no messenger.

Tudo corria bem, até que um dos dois comenta um artigo publicado na Revista Exame sobre a reforma universitária e o PLANO DE COTAS para negros. Diogo me pergunta o que eu acho a respeito. Dou uma resposta rápida, tentando não despertar a FERA. Mas não adiantou.

Quatro horas mais tarde, ja EXAUSTOS, desistimos da discussão. Sem conclusões, não mudamos o mundo, não chegamos a lugar nenhum. Variações do mesmo tema sem sair do tom. NADA.

Mais uma vez o GRANDE ARQUIMANDRITA satisfez sua sede de RETÓRICA.

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