sexta-feira, maio 06, 2005

MEU PÉ NÃO É TORTO

Não aderi à essa onda de oitentismo que se propaga por aí.

De qualquer modo, passei o dia com o KICHUTE na cabeça. Tive muito KICHUTE na minha vida. Até uns 8 anos, praticamente só usei KICHUTE. Intercalado, eventualmente, por um Bamba.

Do Bamba eu não gostava, mas o KICHUTE comandava.

Foi então que eu me mudei para uma rua onde só tinha criança que usava Marathon. Acabaram botando na minha cabeça que o KICHUTE era coisa de maloqueiro. Eu usava KICHUTE, logo eu era um maloqueiro.

Traumatizei.

Fiquei com vergonha do KICHUTE. Abandonei o KICHUTE. Reneguei o KICHUTE.

Que coisa feia.

A partir de então, criei um bloqueio sobre tudo o que o KICHUTE representava:

A velha lenda de que o KICHUTE deixava o pé torto. A doce ilusão de que, com o KICHUTE, o chute na bola sairia mais forte. A insistente mania de amarrar o cadarço do KICHUTE no tornozelo. As marcas pretas deixadas pelo KICHUTE no muro do prédio que denunciavam quem tinha pulado pra casa do vizinho depois de um vidro quebrado:

- Só pode ter sido aquele alemãozinho magrelo que usa KICHUTE. Ponderou o zelador, em certa ocasião.

Tudo isso havia sido esquecido. Apaguei da memória tudo que vivi com um KICHUTE nos pés.

Mas hoje eu lembrei do KICHUTE.

E é por isso que escrevo. O KICHUTE passou pelos meus pensamentos e resolvi escrever. Deu saudade. Aquele deformado pedaço de pano e borracha preta chamado KICHUTE.

Coisa de maloqueiro.

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